sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Meu domingo no teu sexo

Domingo, o domingo!
Filho de um sábado esperado
Pai de uma segunda-feira indesejada
Domingo, sem escola, sem trabalho
E eu na lida do estudo do teu sexo
Domingo banal, acordar cedo, ir à missa
E eu herege, comungando e bebendo do vinho sagrado do teu sexo
Café na padaria, feira, caldo de cana e pastel
E eu fartando-me do jejum do teu sexo
Crianças coloridas, empinando pipas,
Andando de bicicletas, correndo e transpirando ao ar livre
E eu trancafiado num quarto paralisado no movimento do teu sexo
O sol do meio,
Consome-se num ato masoquistamente suicida
E eu congelado no calor do teu sexo
A tarde inicia-se trazendo a letargia
Na cama, no sofá, no tapete
E eu sambando no tango do teu sexo
O futebol, o tira gosto, a cerveja gelada e amarga antecipam a noite
E eu protelando o doce afã do teu sexo
A noite inevitavelmente chega
E o domingo morre no tédio televisivo
E na angústia da segunda-feira chegando
E eu... Ah, e eu!

Simplesmente nascendo feliz do prazer do teu sexo.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

MUITO, POUCO, MUITO POUCO



Preciso menos do que um teto
 Muito menos do que água para saciar a sede
 E menos ainda do que o pão para manter-me de pé
 Preciso menos do que ar para encher-me os pulmões
 Muito menos do que palavras para consolar-me
 E menos ainda do que o sagrado do silêncio
 Preciso menos do que a força do sol
 Muito menos de sua luz para iluminar minha alma escura
 E menos ainda que o vento para levar embora as folhas secas do meu coração
 Preciso menos do que a chuva
 Muito menos do que as ondas do mar para fazer-me ir e voltar
 E menos ainda de uma primavera para polinizar meus dias
 Preciso de tão pouco
 Para despertar e enfrentar a fadiga de viver
 De tão pouco para respirar,
 Para confortar-me
 Para iluminar minha alma
 Preciso de tão pouco
 Para encontrar-me e ficar em um só lugar
 Para florescer uma primavera em meu peito
 Preciso só dos seus olhos sorrindo
 Dos seus lábios pronunciando o silêncio
 Da sua pele vestindo-me
 Preciso só do seu abraço apertado para libertar-me
 Libertar-me da nefasta solidão
 Que um dia condenou-me
 Preciso de tão pouco
 Mas não vê
 E se vê, faz-se de cega
 Preciso do que para mim é tão pouco
 E do que para você deva ser muito.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Down

Hoje não sinto vontade de respirar
Nem de levantar
Não quero falar, nem pensar, muito menos sonhar
Não quero dormir porque sei que terei que acordar
Quero ser pedra num abismo no fundo do mar
Hoje não serei aquele amigo e nem aquele amante
Nem aquele pai, nem aquele filho
De ninguém e muito menos de mim mesmo
Preciso ser aquela solidão
Aquela que dói
Aquela mesmo que os poetas tanto escrevem
Mas nem de longe imaginam como ela realmente é
Não quero olhar no espelho
Para ver aquela pessoa chata que dirá:
“Vamos, avante!”
Deixem-me aqui
Quero ser pedra vagante num espaço sideral
Deixem-me aqui
Plégico, depressivo, solitário,
Saboreando meu tédio
E dai?
Já passei por isto e sai do outro lado
Já passei por mim e sobrevivi

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

DUALIDADE DE PALAVRAS

FALO,CALO
TEM UM CALO NAQUILO QUE FALO
POIS FALO DEMAIS
CALO,FALO
FALO,CALO
CALO O PENSAMENTO
FALO NO OLHAR
CALO O OLHAR
FALO O PENSAMENTO
CALO,FALO
FALO,CALO
FALO PORQUE TEM UM CALO NO FALO
CALO PORQUE TEM UM FALO NO CALO

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

EU E O COELHO MALUCO


Vinícius Ferreira (2010)

O coelho corre atrás do seu relógio
E nem se importa
Com o que vai acontecer em seu caminho
Não está nem ai com a rainha
Que quer cortar sua cabeça
Ele só quer o seu relógio
Ele é quase igual a mim
Mas eu só quero seu amor
E não me importo
Com o que vai acontecer em meu caminho
E com queira tirar você da minha cabeça

(Vinícius Ferreira é meu rebento caçula,emocionante!!!)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

À mim mesmo

À mim mesmo

Aonde estão os amigos
Que um dia estavam aqui do lado
Aonde estão os amores
Que outrora esmagaram meu peito de paixão
Aonde estão as alegrias,as audácias,as fantasias
Aonde foi parar minha alma
Que acabou por deixar meu corpo oco
Quem me dera ter nos olhos de hoje
A vivacidade de ontem
Deixei que os medos ,as fraquezas,a covardia
Expulsasse-me de mim mesmo
Quero minhas verdades de volta
Meus gritos de rebeldia
Minhas palavras de ordem nos papéis
Dizendo a mim e a todos o não
Preciso lutar com as amarras da vida
Não engolir a saliva amarga das frustrações
Preciso estar em movimento
Vou abrir a porta e correr pelo mundo
A procura de mim mesmo
Encontrar as minhas verdades
Sem medos de que sejam apenas mentiras
Encontrar os amigos
Mesmo que sejam agora inimigos
Encontrar as paixões
Mesmo que agora sejam traições
Encontrar as fantasias
Mesmo que agora elas já sejam realidades
Encontrar os sonhos
Mesmo que agora sejam pesadelos.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

É assim...

É...
Eu te disse meu caro amigo
Que as coisas passariam
Mas que com elas, nós também
E quem vem atrás
Não se importa
Com o que fizemos e o que fomos
Assim como nós não nos importamos
Com quem um dia estava a nossa frente
Tentamos mudar tudo o que podíamos
Mas o sucesso disto porém
É privilégio de poucos
O melhor que temos, meu amigo
Está dentro de nós
Deixemos então
Que quem possa nos sentir
Que nos sinta
Que quem possa nos falar
Que nos fale
Que quem possa nos ouvir
Que nos ouça
Que quem possa nos amar
Que nos ame