Meu domingo no teu sexo
Domingo, o domingo!
Filho de um sábado
esperado
Pai de uma segunda-feira
indesejada
Domingo, sem escola, sem
trabalho
E eu na lida do estudo do
teu sexo
Domingo banal, acordar cedo,
ir à missa
E eu herege, comungando e
bebendo do vinho sagrado do teu sexo
Café na padaria, feira,
caldo de cana e pastel
E eu fartando-me do jejum
do teu sexo
Crianças coloridas,
empinando pipas,
Andando de bicicletas,
correndo e transpirando ao ar livre
E eu trancafiado num
quarto paralisado no movimento do teu sexo
O sol do meio,
Consome-se num ato masoquistamente
suicida
E eu congelado no calor do
teu sexo
A tarde inicia-se trazendo a letargia
Na cama, no sofá, no
tapete
E eu sambando no tango do
teu sexo
O futebol, o tira gosto, a
cerveja gelada e amarga antecipam a noite
E eu protelando o doce afã
do teu sexo
A noite inevitavelmente
chega
E o domingo morre no tédio
televisivo
E na angústia da
segunda-feira chegando
E eu... Ah, e eu!
Simplesmente nascendo
feliz do prazer do teu sexo.